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E na saúde, a tecnologia é vilã ou mocinha?

Updated: May 13, 2021

Ambos. Se de um lado os avanços tecnológicos proporcionaram vários benefícios na medicina, de outro, também trouxeram problemas até então inexistentes.


São inúmeras as conveniências tecnológicas na área da saúde. Seja na prevenção, diagnosticando doenças no seu início sem a necessidade de procedimentos invasivos, ou no tratamento, possibilitando curas mais rápidas e eficientes. No entanto, os impactos negativos também existem.


Hoje em dia, nessa era digital, o ritmo dessa evolução é muito mais acelerado. Se antes uma inovação demorava 30 anos pra ser concluída, hoje é possível completá-la em poucos anos. Além do fato de se mostrarem cada vez mais revolucionárias e até mesmo inacreditáveis. Quem diria, por exemplo, que um dia vários de nossos amigos estariam fumando um pen drive? É algo surreal.


O juul, o mais novo cigarro eletrônico nascido de uma empresa no Vale do Silício, que está sendo proclamado como o “Iphone” dos cigarros eletrônicos, consiste em um aparelho pequeno, que parece um pen drive e é carregado por USB. Estranho pensar a que ponto as invenções chegaram. As pessoas estão literalmente fumando um pen drive (e achando, em regra, que não estão causando dano algum à saúde). O aparelho é realmente interessante, e os curiosos de plantão podem não pensar duas vezes antes de experimentá-lo. E é ai que está um dos problemas. Nova tecnologia, nova droga, novo vício. E pra combater este vício, o que será feito? E se o juul trouxer uma nova doença, até então desconhecida pelo homem, outro remédio ou tratamento terá que ser criado? Nesse sentido, o e-cigarette parece ser um curativo para o problema do tabagismo, e não uma solução – como vem sendo divulgado. Nos parece, na verdade, que o juul se enquadre mais como problema do que como uma solução, já que vem se mostrando capaz de viciar quem nunca havia sido viciado.


O ponto é que o juul, apesar de eliminar uma parte das substancias tóxicas do cigarro, contém nicotina e, diante desse fato, claramente é prejudicial à saúde. O aparelho pode até ter vindo para ajudar aqueles fumantes que querem ou que precisam parar e não conseguem, mas seu efeito não foi apenas positivo. Diante da sua facilidade, de poder ser fumado quase que em todos os lugares, às vezes sem nem mesmo ser percebido (dado ausência de cheiro e de fogo), muitos que não fumavam passaram a achar graça nessa nova moda, já que as pessoas conseguem desfrutar o "social" que o cigarro proporciona, aquele momento que você junta uma turma pra fumar um cigarro e jogar conversa fora (provavelmente só os fumantes entenderão), sem que fique com cheiro nenhum. Além disso, aqueles que já fumam, com o cigarro eletrônico, podem fumar mais ainda, já que não precisam se deslocar, abrir a janela ou descer do prédio pra "acender" o cigarro.


Com os e-cigarettes, não fumantes têm uma probabilidade muito maior de começar a fumar cigarros tradicionais – a sequencia é a seguinte: experimentam o juul, viciam, posteriormente não conseguem comprá-lo (já que é mais caro ou mais difícil de achar) e acabam por optar pelo cigarro tradicional. A aparência hi-tech do juul mascara seu perigo, mas o fato é que um de seus cartuchos é o equivalente a fumar um maço de 20 cigarros, ou 240 miligramas de nicotina.


Entre os adolescentes, que normalmente são iludidos com o novo e proibido, o juul tornou-se epidêmico. Nos Estados Unidos, a FDA (Administração de Drogas e Alimentos) deu dois meses aos fabricantes do juul para que adotem medidas para evitar que menores comprem esses produtos. Recentemente, o órgão divulgou o novo Plano de Prevenção de Tabaco na Juventude, deixando clara a intenção de aplicar multas na hipótese de detectar publicidade direta desse produto aos mais jovens.


O juul é apenas um exemplo dos pontos negativos trazidos pela tecnologia. Existem outros avanços que também não vieram para fazer o bem. Mas a dúvida que resta é: por que os seres humanos inventam coisas que são prejudiciais? Por que não podem apenas usar esse poder intelectual para criar tecnologias que tenham como função principal trazer algum benefício à sociedade?


Sim, vivemos no capitalismo, onde o lema humano é ganhar dinheiro (em regra). Mas precisamos mesmo lucrar criando objetos ou situações capazes de matar o cidadão? O juul poderia muito bem na verdade ser um aparelho que soltasse um vapor que tirasse a vontade de fumar, e não um vapor com nicotina, que só mascara o problema do fumante. Mas se fosse assim a empresa pararia de lucrar no momento que o cidadão deixasse de ser viciado.

E agora, também acha que na área da saúde a tecnologia pode ser vilã e mocinha ao mesmo tempo?




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